Tormentos Voluntários




Manoel, um jovem rapaz que desde pequeno procurou vencer na vida material. 
Filho único e de pais humildes, 
morou até os seus 15 anos juntamente com seus familiares 
em uma pequena casa de taboa no sertão da Bahia. 

Este jovem sempre quis encontrar a felicidade, 
e cansado de ver o sofrimento de seus familiares, 
e das pessoas que os rodeavam naquele sertão, 
partiu em direção a capital de seu estado. 

Chegando neste “novo mundo”, o jovem franzino, 
procurou então os caminhos pelos quais ele sempre mentalizara em sua vida 
para a tal felicidade, ou seja, procuro encontrar um emprego, estudar, 
e então, poder trazer consigo aqueles que o mesmo deixou no sertão baiano.
 
E aquela frase, que muitos ouvem se fez presente na vida de Manoel:
“Quem procura acha”, e o mesmo encontrou a tal felicidade, 
após muitos anos de trabalho árduo 
e esforço incalculável a fim de terminar a sua faculdade. 

Aos 26 anos, formado e já bem conceituado em Salvador, 
o mesmo achará a tal felicidade, pois conseguira vencer materialmente.

Seus pais, no entanto, continuaram no sertão, pois o mais novo médico, 
esquecera que um dia havia dito que tiraria seus familiares daquele local, 
onde o mesmos achavam em alguns momentos de desespero 
que até Deus haviam-lhe esquecido.

Tantos títulos em sua vida, festas, reconhecimentos perante a sociedade 
deram-lhe um novo conceito de felicidade. 
O mesmo passou a procurá-la nas coisas perecíveis, 
sujeitas às mesmas vicissitudes, ou seja, nos gozos materiais, 
ao invés de buscá-la nos gozos da alma, 
que costituem uma antecipação das imperecíveis alegrias celestes.

Manoel, hoje um moço forte e bem sucedido, 
esquecerá que a felicidade não é neste mundo 
e que aqui estamos apenas de passagem, a fim de aprendermos, reaprenderemos, 
ensinarmos para que possamos nos melhorar e então retornarmos para um local, 
onde não há como esconder nossos pensamentos, 
nossos atos quando encarnados, onde não conseguiremos esconder 
de nós mesmo os nossos erros.

O Doutor, como assim como era chamado, 
ao invés de buscar a paz do coração, 
única felicidade verdadeira neste mundo, 
procurava cada vez mais com avidez tudo o que podia agitá-lo e perturbá-lo. 
E, coisa curiosa, parecia criar de propósito os tormentos, que só ele cabia evitar.

Hoje vivendo para o mundo, adquiriu inúmeros tormentos, como o ciúme, a inveja, 
o orgulho e tantos outros, para ele suas noites de sono não mais lhe serviam de repouso, 
pois como uma febre incessante, as posses alheias de seus amigos de trabalho 
causavam insônias, os sucessos dos rivais lhes provocavam vertigens, 
seu título de Médico lhe dava motivos para bater no peito e dizer eu salvo vidas.

Pobre Manoel, não sabia que nesta mesma noite, teria que deixar as futilidades, 
cuja cobiça lhes envenenava a vida. Pobre insensato, 
hoje mesmo abriria os olhos de espírito e então não poderia esconder de si mesmo, 
que não fizera nada pelos seus parentes mais próximos, 
e pelos parentes mais distantes, que são aqueles que batem a sua porta.


Esta é mais uma história fictícia, no entanto, 
quantos de nós continuamos a procurar a felicidade nas coisas fúteis da vida. 
Quantos a começar por mim que aqui me encontro escrevendo, 
continuo em momentos de deslizes dizer que sou feliz por ter minha dinheiro, posses etc, 
e em alguns momentos não consigo estender mão para aquele que necessita, 
não consigo tirar de dentro de mim, os tormentos da inveja, do orgulho, 
do ciúmes por não ter tido aquele cargo desejado.

O irmãos, quantos tormentos como o de Manoel, podemos pelo contrário, evitar, 
basta para isso, contentar-se com o que possui, 
que vê sem inveja o que não lhe pertence, que não procura merecer mais do que é. 

Está sempre rico, pois, se olha para baixo, em vez de olhar para acima de si mesmo, 
vê sempre os que possuem menos do que ele. Está sempre calmo, 
porque não inveja necessidades absurdas, 
e a calma em meio das tormentas da vida não será uma felicidade?






 Autor: Roberto F. de Oliveira


               
 


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