PASSE FORTE, PASSE FRACO?


Conta-nos Divaldo Pereira Franco:

"Certa feita, aproximou-se de mim um jovem, 
e pediu-me que lhe aplicasse um passe.

Pedi-lhe que se sentasse e ficasse em estado de prece 
para se tornar receptivo. 

Impus-lhe, então, as mãos sobre a cabeça  abrasando-me de amor e fé. 
Ao terminar, toquei-lhe de leve o ombro para que abrisse 
os olhos, e ele então perguntou-me:

_Já acabou?
Respondi que sim.

_Divaldo, não gostei muito.

Retruquei, constrangido:
_É, eu não estava preparado, mas amanhã, quem sabe...

E, ficando curioso, resolvi indagar:
_Mas, que foi que você não gostou muito?
_Bem, achei o seu passe muito fraco.

Voltei a inquirir:
_Como, meu filho?
_Eu gosto de um passe forte, daquele que produz ruído, 
e... puxa todos os dez dedos e sacode.

Silenciei, com respeito por ele e com piedade. 
(Coitado! Ele estava acostumado mais com o barulho, 
do que com o efeito)."

Será, pois, que existem passes fracos e passes fortes?

Ora, passe é uma transfusão de energias, 
que poderíamos comparar com a transfusão de sangue, 
ajudando o aparelho circulatório. 

O passe é essa doação de energias que estimulam os centros vitais 
do perispírito para que possam ser reestimulados, 
e assim também retomado o equilíbrio ou a saúde, se for o caso.

Assim, importa que o sangue esteja purificado de contaminação, 
e que, as energias estejam isentas de qualidades negativas.

Para a aplicação do passe o mais importante é o sentimento 
elevado - só doamos aquilo que possuímos - , e, portanto, 
faz-se necessário que o passista cuide da saúde do corpo, 
pois doará energias físicas, e que, igualmente, 
policie as suas emoções, pois também será instrumento dos 
bons Espíritos para a transmissão de energias espirituais.

Estando, pois, o passista equilibrado, num local adequado 
(o Centro Espírita, salvo motivo de força maior), 
não há que se falar em passe mais ou menos forte que outro. 

Cada um receberá, de acordo com o seu merecimento e receptividade.

Mas, e as técnicas de aplicação do passe, têm alguma valia?
Sem dúvida, são muito válidas. 
No entanto, é relevante destacar que técnica alguma, 
jamais superará a ausência de amor. 

A técnica ajuda, mas, não é o essencial.
Em matéria de passe, impõe-se a necessidade de simplicidade, 
por isso, nenhuma técnica superará ou terá maior eficácia que 
a da imposição das mãos. 

O que foge da simplicidade complica, 
e o que complica não é Espiritismo, 
segundo afirmação do Espírito Odilon Fernandes.

E assim fazia Jesus: 
impunha as mãos sobre os paralíticos, e eles andavam; 
sobre os cegos, e eles passavam a ver; 
sobre os leprosos, e suas feridas se cicatrizavam; 
sobre os possessos, e eles se libertavam do processo obsessivo.

O amor e a fé, eram a técnica aplicada.

A mãe que aperta seu filho enfermo ao peito, 
osculando-lhe as faces febris com extremado amor, 
está aplicando-lhe um passe - poderosa transfusão de energias.

Narra-nos o Evangelho, que por onde Pedro passava, 
as pessoas colocavam os leitos dos doentes, e a sua sombra, 
caindo sobre eles, curava-os.

A mulher que sofria de hemorragia incessante, 
simplesmente tocou às vestes de Jesus, e ficou boa.

Assim, o amor do passista, somado ao merecimento e a 
confiança do paciente são os ingredientes essenciais do passe.

Nem forte, nem fraco. Passe é doação de amor. 


                Carlos Alberto de Souza
               Araçatuba - SP


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