Alma penada?
Do imaginário popular
origina-se esta curiosa expressão:
alma penada.
Simboliza, assim, aqueles Espíritos que
deixaram o mundo dos vivos,
mas que, por diversos motivos,
em razão da relativa perturbação
em que se encontram, permanecem
"assombrando" lugares e pessoas.
Alguém muito rico e avaro, por exemplo,
se recusa a deixar um casarão,
um castelo, ou a sede de suas empresas.
Um outro, ciumento ao extremo,
não se submete a ter que
deixar sua antiga amada à
mercê de outros envolvimentos amorosos,
no direito individual daquela que
ficou em buscar sua própria felicidade.
Uma terceira, vaidosa e elegante,
não admite a idéia de ter
seu corpo desfigurado pela
ação dos germens e microorganismos,
e decide permanecer por aqui,
imaginando conservar sua bela e
marcante aparência.
Outros, ainda,
imaginam não ter feito tudo
o que queriam ou deviam,
e querem ter nova chance de fazê-lo.
O fato é que
indivíduos "sensitivos" percebem a
"presença" espiritual daqueles
que nos deixaram,
e estas sensações podem ser boas ou más,
prazerosas ou repugnantes,
em face da
diversidade de níveis vibratórios
que tais Espíritos possuam.
Quem freqüenta as Instituições Espíritas de
norte a sul do Brasil
tem excelentes exemplos pessoais
do bem-estar experimentado
durante alguma sessão doutrinária,
ou na aplicação de passes magnéticos,
ou, até mesmo, em reuniões de
conversação ou confraternização.
Os médiuns
(pessoas que têm determinadas faculdades no
intercâmbio com o Mundo Espiritual),
inclusive, em sessões específicas,
de freqüência selecionada,
informam acerca da presença de
Espíritos luzeiros,
muitos dos quais são reconhecidos
por uma leve emissão de
odores agradáveis (perfumes)
ou uma aragem que lembra
uma suave brisa de primavera.
Voltando ao tema das "almas penadas",
este adjetivo (penada) tem a ver, também,
com pena, uma condenação ou
castigo a que tais seres,
na consideração do vulgo,
estariam sujeitos.
Algo como se a presença (por certo tempo) do
Espírito de alguém morto, entre nós,
significasse motivo de sofrimento, e, até,
de ensinamento para o mesmo.
A Filosofia Espírita,
no entanto, rechaça completamente esta explicação
de vez que destrói os dogmas religiosos de
todos os tempos, entre os quais a idéia
de "penas e castigos eternos",
simbolizada no Céu e no Inferno das
religiões tradicionais.
Isto, é claro,
sem falar no Purgatório.
Para o Espiritismo,
ninguém fica temporária ou
definitivamente "condenado"
a permanecer aqui ou
em qualquer outro lugar
"espiritual" do Universo.
Vige, pois, a Lei de Liberdade e,
nela, o amplo direito de ir e vir,
condicionado, tão-somente,
pelo grau de evolução espiritual dos seres.
Assim, quanto mais desenvolvido,
mais liberdade de freqüentar quaisquer lugares,
independentemente do "nível" destes últimos,
se mais atrasados ou mais avançados.
Contudo, nenhum ser fica "algemado" ou "sujeito"
a permanecer no mundo dos vivos,
estando morto.
O que acontece, em síntese, é que
a grande parte das pessoas,
seja porque não recebe as adequadas informações
acerca da vida espiritual
(não sabe ou tem idéias errôneas sobre o "outro lado"),
ou porque ainda cultiva sentimentos inferiores,
como aqueles descritos no início deste texto
ou outros (avareza, cobiça, orgulho,
egoísmo, usura, paixões doentias, ódio, etc.),
locupleta-se, satisfaz-se,
deseja permanecer "entre os vivos".
Estudando os vícios humanos e as relações que
se formam entre "vivos" e "mortos",
todos Espíritos, evidentemente,
mas em "formatos" diferentes,
uns em razão do envoltório físico e
outros, não, sabemos que se
formam "consórcios" vibratórios
entre os encarnados e os desencarnados,
de modo que um indivíduo que
fumou durante 50/60 anos, deseje,
do "outro lado" da vida,
ainda sentir as sensações, os efeitos,
o prazer derivado do uso do fumo.
Um alcoólatra, um sexólatra, um avarento, idem...
Deste modo,
nós mesmos é que franqueamo-nos a paz de
consciência ou a tortura do remorso.
A alegria do dever cumprido,
ou a tristeza de ter errado mais e mais.
A satisfação de ter vivido ou a
agonia de ter perdido tantas oportunidades,
seja vivendo do passado
seja esperando pelo futuro.
Penas e recompensas, assim,
muito além de lugares específicos no Plano Espiritual,
são estados de Espírito,
situações que experimentamos todos os dias.
A nós compete nutrir bons sentimentos,
manter boas vibrações e ser feliz,
o quanto possível,
sempre lembrando que, na trajetória espiritual,
o porvir nos acena com a ampla possibilidade de
sermos melhores, muito melhores do que já somos.
Não sejamos "almas penadas".
Sejamos Espíritos gratos a Deus por existirmos...
Estudo Desenvolivo por
Marcelo H. Pereira
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